Para pensar
educação no Brasil, sobretudo as aulas de educação física nas realidades do
cotidiano das escolas que trabalho, é importante reconhecer os impactos da
internacionalização das políticas educacionais. Dessa forma é possível compreender
uma dimensão que visa romper com a ensino tradicional e apontar objetivos
educacionais impregnado por uma dinâmica neoliberal que se disfarça atras de
uma ideia de a escola pretende promover o desenvolvimento dos/as estudantes
para a aquisição de habilidades
para a vida.
Por alguns
anos de vivências em diferentes espaços escolares da rede pública estadual da
Bahia é perceptível o aumento dos desafios de ser professor. Com a leitura da
produção de Libâneo (2016) que discute o impacto da internacionalização das
políticas educacionais para a definição de objetivos educacionais escolares
conseguimos compreender algumas das circunstâncias que geraram a ampliação dos
desafios na atuação docentes na atualidade.
A influência de organismos internacionais como o Banco Mundial e a
UNESCO, segundo Libâneo (2016), vem determinando políticas educacionais atreladas
à difusão do neoliberalismo no Brasil. Gerando consequências negativas como a
redução das responsabilidades estatais por meio da privatização dos serviços
educacionais, instituição da meritocracia em diversas instâncias do sistema educacional
entre outras ações voltadas para a lógica da lucratividade e competitividade.
Dessa forma Libâneo (2016)
expressa que muitas problemáticas da realidade atual da educação é fruto de um
projeto educativo com interesses corporativos empresariais definido muito antes
das decisões sobre as políticas educacionais, que nas últimas décadas vem ganhando
corpo. Nos dois governos do presidente Fernando Henrique Cardoso foram feitas
adequações nas políticas públicas às demandas do capital financeiro
internacional. No Governo Lula houve continuidade a essas políticas, mas foi percebido
a atenção à algumas demandas sociais. Lula e Dilma Rousseff buscaram melhorar a
qualidade da educação básica articulando metas com entidades empresariais.
Ainda conforme
Libâneo (2016), um dos programas mais relevantes na gestão dos representantes
do Partido do Trabalhadores na presidência nacional foi a introdução do Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), incorporando os indicadores da OCDE,
com a finalidade de avaliar a qualidade da educação. As consequências dessa
busca por uma melhoria da qualidade da educação, nesse contexto, ficam
subordinadas às intencionalidades dos organismos internacionais e empresariais.
Refletindo nas determinações que forçam práticas pedagógicas que trabalhem para
melhorar os índices e reduz à transmissão as possibilidades de experiências de
ensino e aprendizagem. Os professores passam a ter profissão esvaziada à medida
que perdem sua autonomia na medida que o currículo se reduz a metas e
competências quantificáveis.
Charlot (2005 apud
Libâneo, 2016) rejeita essa realidade de educação imposta pelos organismos
internacionais porque produz a ocultação da dimensão cultural e humana da educação.
Assim, é necessário que tenhamos uma visão crítica acerca das políticas
educacionais para que identifiquemos brechas que ajudem evitar a subordinação a
esses processos neoliberais.
Talvez esse cenário revele um dos motivos que justificam a atual
condição da Educação Física
escolar brasileira que enfrenta diversos desafios que, segundo Costa e Silva (s/d) demandam adaptações aos professores no
desenvolvimento do trabalho pedagógico e, consequentemente, afetam o
aprendizado do aluno.
Para tanto, a compreensão das formas de atuação de organismos
internacionais na definição de objetivos educativos escolares e seu impacto nas
políticas educacionais brasileira, ajudam na identificação de como a educação
nacional vem sendo reduzida a uma condição de mercadoria decorrente do neoliberalismo.
Precisamos ter cuidado com os argumentos de exaltam a qualidade da educação extraída das diretrizes de organismos internacionais pois elas se contradizem numa visão emancipatória do processo educacional em razão de sua subordinação à lógica do mercado e aos interesses da globalização do capital. Além de ser uma ameaça ao ser humano e sua universalidade, sua diferença cultural, esses argumentos vêm gerando um reducionismo formativo nas escolas e, principalmente, ampliando as problemáticas e a precarização acerca das práticas pedagógicas na educação física escolar, com vistas que as avaliações e intencionalidades desses moldes neoliberais desconsideram a importância das diversas manifestações da cultura corporal.
Atividade da disciplina 04 do Programa de Mestrado Profissional em Educação Física desenvolvido na UESB-BA. Produção do discente da turma 05: Marielson Nascimento Alves.
REFERENCIAS
LIBÂNEO, José Carlos. European
Journal of Curriculum Studies, 2016 Vol. 3, No. 2, 444-462 School educative
aims and internationalization of educational policies: impacts on curriculum
and pedagogy Libâneo, José Carlos Pontifícia Universidade Católica de Goiás.
COSTA, Gustavo De Conti Teixeira; SILVA, Rodrigo Márcio de Oliveira e. Métodos
de ensino na Educação Física: um olhar para abordagens contemporâneas. Disponível
em: https://edutec.unesp.br. Acesso em 01.
out. 2024.