Produção feita por Marielson N. Alves como etapa do processo formativo do componente curricular: Questão Racial, Cultura e Diversidade referente ao curso de Especialização em Políticas Públicas, Infâncias, Juventudes e Diversidade com a supervisão da professora Marjore Chaves da Universidade de Brasília.
Este texto visa apresentar algumas conexões entre algumas percepções a partir da leitura do artigo Branqueamento e Branquitude no Brasil de Maria Aparecida Silva Bento (2002) e a análise da letra e do videoclipe oficial da música Boa Esperança de autoria do Leandro Roque de Oliveira (rapper, cantor e compositor Emicida).
Uma temática perceptível na leitura do artigo, da letra da
música e do vídeo clipe acima mencionado é trato das relações raciais no Brasil
e a reprodução do racismo com conexões de elementos que indicam alusões ao
período de escravidão e o estimulo à análise crítica das realidades. Segue
recortes de uns dos trechos da letra da música do Emicida, lançada em 2015, que
expressam resgate histórico e representam a realidade contemporânea:
Uma representação da construção do imaginário negativo sobre
o negro que dialoga com as ideias acerca da branquitude citada pela Bento
(2002, p.2-3).
Como desdobramento da temática que percebemos podemos
destacar a discriminação racial e a defesa de interesses do branco. Para Bento
(2002, p.4) essa discriminação se apresenta como uma forma de
manutenção e conquista de privilégios. O que instiga a refletir acerca da parte
inicial do refrão da música com possíveis conexões com ideia de manutenção de
interesses do branco: “... Pra sua guerra vão nem se lixar, Esse é o X da
questão...”. E, também, com a ideia de discriminação racial evidente no trecho:
“...Médico salva? Não! Por que? Cor de ladrão...”.
Como um dos aprofundamentos do texto da Bento (2002, p.5) temos o conceito de exclusão moral a desvalorização do outro como pessoa e como ser humano. Fica perceptível exclusão em partes da letra da música do Emicida, mas a cena da mulher jovem negra que se apresentou com autoestima elevada foi assediada pelo senhor branco e em seguida a senhora branca a empurrou a jovem negra na parede e retirando o batom. Gerando indignação e desvalorização moral, onde o foco é a negra e há um silenciamento do branco.
Nesse contexto ainda podemos analisar criticamente a
culpabilização da população negra em diversas problemáticas sociais enquanto o
papel ou a intervenção do branco nessas situações pouco são discorridas e marca
existente abismo das desigualdades raciais e das diferenças de classe.
Para tanto, a busca de respeito aos negros e
reconhecimento de seu real valor histórico e social são convergências nos
textos analisados e auxiliam a compreender os sistemas de dominação do pondo de
vista do dominado.
REFERÊNCIAS
BENTO, Maria Aparecida Silva. Branqueamento e branquitude no
Brasil. In: Psicologia social do racismo – estudos sobre branquitude
e branqueamento no Brasil / Iray Carone, Maria Aparecida Silva Bento
(Organizadoras) Petrópolis, RJ: Vozes, 2002, p. (25-58). Acesso em: 18. Jan.
2021. Disponível em: http://www.media.ceert.org.br/portal-3/pdf/publicacoes/branqueamento-e-branquitude-no-brasil.pdf
DE OLIVEIRA, Leandro Roque (Emicida). Música: Boa
Esperança. Acesso em: 14. Jan. 2021. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=AauVal4ODbE&feature=emb_logo